Câmara Municipal discute situação da obstetrícia do HCL em audiência

Hospital corre risco de paralisação do atendimento de urgência e emergência do serviço; vereadores sugeriram comitiva para levar situação ao governo estadual

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Durante a noite da última segunda-feira (11/11), a Câmara Municipal de Manhuaçu realizou audiência pública que colocou em debate uma possível paralisação do atendimento de urgência e emergência do serviço de obstetrícia do Hospital César Leite (HCL). A dificuldade em manter o serviço é motivada pela iminente falta de profissionais, que reclamam dos baixos valores recebidos pelo desempenho de suas funções neste setor.

Durante a reunião, o provedor do HCL, Milton Martins, registrou que a instituição hospitalar tem escala prevista para a urgência e emergência do serviço de obstetrícia só até o dia 30 de novembro.

A audiência foi conduzida pelos vereadores Eleonora Maira, Zé Eugênio, Juninho Enfermeiro, que compõem a Comissão de Saúde da câmara, e por Rose Mary, primeira secretária da mesa diretora do poder legislativo.

Logo no início da sessão, Eleonora Maira leu o edital de convocação da audiência e as recomendações do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) de adoção de medidas administrativas por parte do HCL para garantir a continuidade do atendimento de obstetrícia. Ela também abordou as dificuldades de se gerir um hospital que oferece atendimento a toda a região de Manhuaçu.

O gerente de planejamento e projeto do HCL, Chardson Roberto da Paixão, apresentou números de atendimentos e um estudo que expõem as dificuldades de se manter os atendimentos no hospital. Ele destacou a baixa remuneração do serviço de obstetrícia e a insatisfação dos obstetras pela falta de reajuste dos valores pelo SUS.

Escala

Já o coordenador médico do serviço de obstetrícia do HCL, João Mateus, falou sobre os problemas de se fechar a escala, não só de assistência médica ao parto, mas também do atendimento à paciente. Ele lembrou a importância da assistência e da vigilância profissional para que não haja intercorrências com as pessoas atendidas.

Mateus ressaltou que o serviço de obstetrícia envolve ainda mais riscos pelo fato de o atendimento ser direcionado a duas vidas: a da mãe e a do feto. Todo este quadro torna difícil atrair médicos para fechar a escala. De acordo com ele, cidades como Caratinga e Governador Valadares também estão enfrentando dificuldades para fechar suas escalas.

O HCL conta hoje com 19 médicos no serviço de plantão. Para se ter ideia, o hospital realizou 3.562 partos em 2023, uma média de 296,8 partos por mês. Deste total, 2.216 partos foram pelo SUS. Com estes números, o HCL foi o décimo sexto hospital em número de partos SUS em Minas Gerais no ano passado.

Comitiva

Os vereadores Zé Eugênio, Juninho Enfermeiro e Kelson Santos sugeriram a formação de uma comitiva entre representantes do HCL e dos poderes legislativo e executivo para levar a situação ao governo estadual. A secretária municipal de Saúde, Ana Lígia de Assis Garcia, considerou a situação preocupante e se colocou à disposição para também integrar a comitiva.

Ana Lígia abordou ainda a necessidade de uma repactuação dos custos do HCL com os outros municípios da região que utilizam os serviços. Esta mesma proposta foi defendida pelo provedor do hospital, Milton Martins, e pelo vereador Administrador Rodrigo.

Rodrigo ainda destacou a importância de Manhuaçu ter mais representantes políticos nos poderes legislativos de Minas Gerais e do Brasil. Para ele, isso poderia contribuir na reivindicação dos governos estadual e federal para agirem frente o problema.

Eleonora Maira e Gilmar Cuca sugeriram como medida paliativa a possibilidade de devolução parcial do saldo do duodécimo recebido pela câmara do poder executivo. Operação semelhante foi realizada no início deste ano pelo legislativo para direcionar recursos para auxiliar a Polícia Militar a implantar o Projeto Sentinela de Videomonitoramento em Manhuaçu.

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